15 novembro 2025 - 10:58
A mulher: fonte de tranquilidade e vitalidade na vida conjugal

Na espiritualidade islâmica, a mulher é vista como um símbolo da Beleza Divina. O prazer encontrado na relação com as mulheres, quando acompanhado de amor, respeito e compromisso, pode ser uma manifestação do afeto de Deus. Esse prazer não é centrado na mera sensualidade, mas na contemplação da beleza: o crente percebe, na mulher, um sinal do esplendor divino.

ABNA Brasil: relata que o Imam Sadiq (a.s.) disse:
“A alegria do crente está em três coisas: desfrutar das mulheres, brincar com os irmãos de fé e realizar a oração noturna.”(1)

Em outro hadith, o Imam al-Baqir (a.s.) afirma:
“O divertimento do crente está em três coisas: desfrutar das mulheres, confraternizar com os irmãos e realizar a oração durante a noite.”(2)

Esses ensinamentos, diferentemente da imagem equivocada de um crente isolado, rígido ou exclusivamente dedicado à adoração, apresentam uma visão equilibrada, humana e vibrante do fiel. “Alegria” significa vitalidade, entusiasmo e presença ativa na vida. O Imam Sadiq descreve a alegria do crente em três dimensões: corporal, social e espiritual.


1. “Desfrutar das mulheres”: prazer lícito, vínculo sagrado e beleza inata

No Islã, o prazer sexual não é condenado; ao contrário, é considerado sagrado quando dentro do casamento e do compromisso. O Imam Sadiq fala de forma clara sobre “desfrutar das mulheres”, não como um ato puramente físico, mas como parte da vitalidade do crente.

Análise espiritual

Na mística islâmica, a mulher representa a Beleza Divina. O prazer com ela, quando sustentado por amor, respeito e fidelidade, é visto como reflexo do amor de Deus. Não é um prazer erótico desenfreado, mas uma contemplação da beleza; o crente enxerga na mulher um sinal da criação divina.

Análise psicológica

Reprimir o desejo sexual gera ansiedade, frustração e desequilíbrios. O Islã, reconhecendo naturalmente esse instinto, protege a saúde mental do crente. O prazer lícito promove tranquilidade, satisfação e equilíbrio emocional.

Análise social

Em sociedades onde a sexualidade é totalmente reprimida ou completamente liberalizada, o equilíbrio se perde. O ensinamento do Imam oferece um modelo saudável de relação conjugal: estruturada, respeitosa e emocionalmente estável.


2. “Brincar com os irmãos”: afeto, humor e laços sociais

Brincar com os irmãos de fé significa leveza, bom humor e criação de vínculos sólidos. O crente é alguém afável — com quem se pode rir, conversar e encontrar segurança emocional.

Análise ética

O humor, quando respeitoso e sem exageros, demonstra humildade e amor. O Profeta Muhammad (s.a.w.) também brincava com seus companheiros, sem jamais recorrer à mentira ou à humilhação.

Análise social

O bom humor fortalece relações, reduz tensões e cria espaços humanos mais acolhedores. Em ambientes estressantes, o crente promove paz através de sua leveza.

Análise psicológica

O riso reduz o estresse e melhora a saúde mental. O crente não vive apenas de rituais; ele vive de alegria, gentileza e convivência.


3. “A oração noturna”: intimidade espiritual e amor divino

A oração noturna (tahajjud) é o ápice da relação íntima entre o crente e Deus. No silêncio da madrugada, quando todos dormem, o crente desperta e se volta ao seu Senhor — não por obrigação, mas por amor.

Análise espiritual

A oração noturna é um momento de comunhão profunda. O crente experimenta presença, dissolução do ego e proximidade com Deus.

Análise psicológica

Esse momento promove calma, foco e estabilidade emocional. Em uma vida cheia de ruídos, a oração noturna é um retorno ao centro interior.

Análise histórica

Os grandes líderes espirituais — do Profeta aos Imames — eram devotos da oração noturna. Ela é sinal de maturidade espiritual e amor verdadeiro.


Conclusão: o crente é um ser completo, equilibrado e vivo

O hadith apresenta o crente como alguém que desfruta da vida em três dimensões:
 corpo,
 sociedade,
 espírito.

Ele não é isolado, rígido ou frio.
Ele aprecia as belezas lícitas do mundo, brinca com seus irmãos e se deleita na intimidade espiritual com Deus.

Este ensinamento é um convite para redesenhar a imagem do verdadeiro crente: um ser humano vivo, amoroso e equilibrado.


Notas

  1. Bihâr al-Anwâr, vol. 75, p. 322
  2. Bihâr al-Anwâr, vol. 84, p. 142

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